Odeio Estrangeirismos
Odeio estrangeirismos. Sempre odiei. Enfrentei uma grande resistência psicológica para entrar no cursinho de inglês por causa disso, além é claro, da maldita lista de verbos irregulares, que poucos sabem conjugar. O pior é quando eles gostam de alguma coisa que eles criam. Gostam tanto que transformam ela num verbo. Foi o caso do Google, que segundo a gramática do Tio Sam, agora é "to google", que significa a busca de termos na internet. Seria "to google" mais um daqueles verbos irregulares que me incomodaram por anos a fio?
E quando alguém vai me agradecer por algo e fala "muito thank you"? Se não tivesse bons modos, falaria um palavrão em bom português. Tem gente que faz esta mistureba de idiomas para ostentar um falso status de cultura estrangeira. Comparo as pessoas que fazem isso com aquelas que usam uma camiseta com alguma frase em inglês na estampa, mas não sabem o que está escrito nela.
Um socialista que por ventura venha a ler este texto dirá que é culpa da globalização...
Me lembro de ter visto algo memorável na TV há alguns anos. Se não me engano era um evento na Feira Literária de Paraty e o escritor Ariano Suassuna palestrava em defesa da língua portuguesa, quando passou os olhos pelo cronograma do evento e disparou: "Estamos aqui falando da preservação da língua portuguesa, mas no cronograma tá escrito 'coffebreak'. Por que não colocaram 'pausa para o café'?" O velhinho matou a pau com essa. Desde então, tenho evitado todo e qualquer uso destes termos na minha vida. E se alguém quiser me ajudar, procuro uma definição tupiniquim para "marketing".
Mas infelizmente, no exercício do jornalismo, eu acabo me deparando com eles. Fazemos meeting ao invés de reunião; trocamos a lista de tarefas pelo check-list; não damos retorno ao repórter, damos feedback... dentre outras coisas.
O que mais me deixa angustiado é o "lead".
Para quem não sabe, "lead" é o primeiro parágrafo de uma matéria. Nele devem constar a resposta para os principais questionamentos de um fato: o quê, quem, quando, como, onde e por quê? A prática do "lead" na imprensa foi importada dos grandes jornais europeus. A intenção é manter o leitor informado sobre os acontecimentos, sintetizando a notícia de modo que ele não precise aprofundar a leitura em um texto muito longo. E a nossa imprensa achou bonito e fez como aquelas pessoas que citei lá em cima: vestiram a camisa sem saber o que estava escrito na estampa.
Temos uma mania incondicional de macaquear tudo o que vem do dito "primeiro mundo", como se eles fossem um exemplo de perfeição midiática. E então, nossos programas de TV, de rádio, nosso noticiário, nossos jornais seguem o mesmo padrão, em busca de uma falsa modernidade.
E esquecem de uma coisa: do leitor. Nosso público é diferente do europeu ou do americano. Será que eles querem uma leitura mais rápida? Ou mais densa? O texto está na linguagem correta para o entendimento do leitor? A informação é relevante? Por que os meios de comunicação, ao invés de investir na compra da receita de outros países, não cria a sua própria arte jornalistica?
Estas perguntas não seriam respondidas de maneira sintetizada num "lead". Por isso odeio estrangeirismos.
E... alguém aí já sabe que termo eu posso usar no lugar de "marketing"?
E quando alguém vai me agradecer por algo e fala "muito thank you"? Se não tivesse bons modos, falaria um palavrão em bom português. Tem gente que faz esta mistureba de idiomas para ostentar um falso status de cultura estrangeira. Comparo as pessoas que fazem isso com aquelas que usam uma camiseta com alguma frase em inglês na estampa, mas não sabem o que está escrito nela.
Um socialista que por ventura venha a ler este texto dirá que é culpa da globalização...
Me lembro de ter visto algo memorável na TV há alguns anos. Se não me engano era um evento na Feira Literária de Paraty e o escritor Ariano Suassuna palestrava em defesa da língua portuguesa, quando passou os olhos pelo cronograma do evento e disparou: "Estamos aqui falando da preservação da língua portuguesa, mas no cronograma tá escrito 'coffebreak'. Por que não colocaram 'pausa para o café'?" O velhinho matou a pau com essa. Desde então, tenho evitado todo e qualquer uso destes termos na minha vida. E se alguém quiser me ajudar, procuro uma definição tupiniquim para "marketing".
Mas infelizmente, no exercício do jornalismo, eu acabo me deparando com eles. Fazemos meeting ao invés de reunião; trocamos a lista de tarefas pelo check-list; não damos retorno ao repórter, damos feedback... dentre outras coisas.
O que mais me deixa angustiado é o "lead".
Para quem não sabe, "lead" é o primeiro parágrafo de uma matéria. Nele devem constar a resposta para os principais questionamentos de um fato: o quê, quem, quando, como, onde e por quê? A prática do "lead" na imprensa foi importada dos grandes jornais europeus. A intenção é manter o leitor informado sobre os acontecimentos, sintetizando a notícia de modo que ele não precise aprofundar a leitura em um texto muito longo. E a nossa imprensa achou bonito e fez como aquelas pessoas que citei lá em cima: vestiram a camisa sem saber o que estava escrito na estampa.
Temos uma mania incondicional de macaquear tudo o que vem do dito "primeiro mundo", como se eles fossem um exemplo de perfeição midiática. E então, nossos programas de TV, de rádio, nosso noticiário, nossos jornais seguem o mesmo padrão, em busca de uma falsa modernidade.
E esquecem de uma coisa: do leitor. Nosso público é diferente do europeu ou do americano. Será que eles querem uma leitura mais rápida? Ou mais densa? O texto está na linguagem correta para o entendimento do leitor? A informação é relevante? Por que os meios de comunicação, ao invés de investir na compra da receita de outros países, não cria a sua própria arte jornalistica?
Estas perguntas não seriam respondidas de maneira sintetizada num "lead". Por isso odeio estrangeirismos.
E... alguém aí já sabe que termo eu posso usar no lugar de "marketing"?
4 Commentários:
Bah, mto "in" esse teu "post", "brow"! cara, nao dah pra esquecer aquele "happy hour" da gurizada, temos que fazer um "meeting" do "people"!
bah, exagerei nessa... eheheheheh abraço!
By Edu, o Leonardi, at 4:38 PM
Uma vez um professor disse que a sétima pergunta do lead deveria ser "e daí?". Concordo com ele. E na verdade, o desafio do jornalismo hoje é desconstruir o lead, então... Bem, viva a criatividade.
(obs: marketing = propaganda, talvez?)
By Anônimo, at 3:38 PM
Não babe,o google é verbo regular.Ex:I googled you!(algo como encontrei vc no google ou eu googlei vc(éca))
Sim,estrangeirismo é nojento,mas pega.
By Mari Riccordi, at 9:34 AM
No te calientés, pibe!
Aqui em São Paulo deve ser pior que aí. Pior é a mania do pessoal de telemarketing (isso pega!) que diz "eu vou estar fazendo" "eu vou estar agendando".
Prá marketing acho que mercadologia estaria de boa tradução. E telemarketing acho que deveria ser televendas.
By Anônimo, at 7:54 AM
Postar um comentário
<< Home