TV na terra da pizza não é massa

Reclamar da programação da TV aberta no Brasil, principalmente aos domingos, é justo. Mas não é exclusividade nossa. A programação da televisão italiana tampouco satisfaz seus espectadores. “Cada vez mais presente nas nossas vidas, cada vez menos educativa”, publicou a revista Specchio, publicada com o jornal La Stampa do dia 25 de novembro, sob o título de “TV, ópio dos povos”.

A televisão assumiu a versão atual do pão e circo romano. Entre os europeus, o italiano dedica menos tempo à leitura e passa mais tempo em frente à TV. Ali, assiste a um grande número de programas de auditório e jogos, muito mais para distrair do que informar.

A grade da televisão aberta é formada por sete canais. Ao contrário do sistema brasileiro, gratuito, para ter acesso a televisão é necessário pagar uma taxa anual de 99 euros (cerca de R$ 287).

Os três canais RAI (Radiotelevisione Italiana) são de propriedade do Estado.

A RAIUNO é conhecida como a TV do governo. O partido que está no poder comanda a programação. Destaque para “Il Treno dei Desideri” (“O trem dos desejos” – uma espécie de “Porta da Esperança”, mas como o Brasil não tem trem...) e “Ballando con le stelle” (“Dançando com as estrelas”... sim, bem antes do “original” Faustão...)

A "menina do tempo" na RaiUno

Como a política é uma questão complicada na Itália, e pela necessidade de apoio para manutenção do governo em um sistema parlamentarista, um canal fica destinado aos aliados políticos, a RAIDUE. Cheio de seriados, tem um programa diário de quase 2 horas para debate de temas atuais “L’Italia sul due” (“A Itália no dois”) e também transmite “L’Isola dei Famosi” (“A Ilha dos Famosos”), uma espécie de No Limite com Casa dos Artistas.

Mas a liberdade de expressão se faz com oposição e é por isso que a RAITRE é chamada de TV comunista, ainda que passe longe de ser isso, mas porque quem decide a programação são os opositores ao governo. Documentários e muitas edições de telejornais compõe a sua grade. Vale a pena conferir o site do programa Blob (http://www.blob.rai.it/), feito com uma colagem de imagens do melhor e do pior da televisão, para se ter uma idéia do que é feito por lá.

Depois, existem outros três canais do grupo Mediaset, no qual o magnata administrador do Milan e ex-primeiro ministro italiano Silvio Berlusconi tem envolvimento. Variedades e jornalismo passam nas telas do Canale 5, Italia 1 e Rete 4. No 5, aliás, está um dos programas de conteúdo mais fraco, "Striscia la notizia" ("Desfia a notícia"), espécie de programa de humor grosseiro, com pegadinhas, imitações, etc.

Resta, ainda, o La7, de posse do grupo Telecom Italia (que comanda as telecomunicações no país, inclusive móvel, a TIM), e os canais regionais. E, claro, aqueles que dispõem de um pouco mais de recursos podem assinar uma tv paga e ter acesso a centenas de canais bem específicos, como o sensacional (desculpas pelo adjetivo) “Rock TV”, 24 horas de puro rock!

Na hora do intervalo

Dois comerciais bem populares:

1) na linha das personalidades famosas, anúncio da empresa de telefonia móvel Vodafone com os jogadores da seleção italiana Francesco Totti e Gennaro Gattuso.

2) uma das muitíssimas publicidades de comida, esta do queijo Parmigiano Reggiano, com uma música que pega: