Confraria do Jornalismo

quarta-feira, julho 11, 2007

Confiar ou desconfiar?

O Brasil ganhou ontem do Uruguai nas semifinais da Copa América 2007. Não merecia, foi no sufoco, teve muita sorte e qualquer outra coisa que não caracterize a vitória como conseqüência da qualidade do time pode ser dita. E é a mais pura verdade.

Mas na segunda, ainda no embalo dos 6 x 1 contra o Chile na última fase, parecia que o Brasil tinha embalado. No dia 9 de julho, a Folha de São Paulo colocou num título essa motivação. Ou seria o contrário?


Essa notícia me chamou a atenção. Queria a imagem da página, mas só consegui essa chamada na versão online do jornal. “Agora, seleção diz confiar na seleção”. A frase parece clara. Mas uma leitura rápida e você pode entender “Agora, seleção desconfiar na seleção”. Não à toa que o Dunga anda meio paranóico.

terça-feira, julho 10, 2007

É de se indignar

Um teaser, conforme o jargão publicitário, é uma técnica utilizada para chamar a atenção do público para determinada ação que será realizada, como o lançamento de um produto, por exemplo. Por não deixa bem claro o que está se anunciando, gera curiosidade e grande expectativa para o segredo seja logo revelado.


Eis que em Porto Alegre, há 15 dias, anúncios em diversos formatos mostravam um código de barras e a frase “Faltam xx dias”, como na imagem acima, numa contagem regressiva que era alterada diariamente.

Aí começaram os problemas. Outdoors não registravam a mesma data, por exemplo. No mesmo dia, cheguei a ver três diferentes. Além disso, por ser um período muito longo, estava ficando irritante já aquela campanha. Mas se fosse algo muito legal, tudo bem.

O debate tomou conta da cidade. Zero Hora chegou a publicar que poderia ser um anúncio de uma ação de algum coletivo de artistas, como o que pintou um código de barras numa faixa de pedestres no centro. Nas ruas, se falava no anúncio do fim do mundo e até que era um aviso do PCC antes de começar a agir explicitamente na capital gaúcha.

Ontem, enfim, passando perto da rodoviária, o segredo se revela: era um anúncio dos 75 anos do Sindicato dos Comerciários de Porto Alegre (Sindec). Acho que nunca em minha vida me senti tão idiota quanto naquele momento por ter sido enganado por 15 dias com algo sem importância alguma. Com todos que conversei depois, muitos não acreditavam que era isso, ficavam desanimados.

Foi, sem dúvida, uma das maiores brincadeiras de mau gosto que já vi. Ao invés de se preocupar com as condições de trabalho da categoria, o Sindec resolveu comemoram seu aniversário com uma campanha que não deve ter sido barata, pela necessidade de se alterar os outdoors diariamente e pelos anúncios na capa dos principais jornais do Estado.

Enquanto isso, os comerciários não tem nada a comemorar. Afinal, muitos trabalham de segunda a segunda, privados do convívio com a família em domingos e feriados, com jornadas de trabalho que, muitas vezes, ultrapassam as dez horas diárias, pressionados por metas e obrigados a disputar com outros colegas comissões de vendas, a qualquer custo, a fim de complementar os baixos salários.

Isso é bem típico de sindicato. Olhar mais para o próprio umbigo que ao redor. Comemorar quando não há nada a ser celebrado. As estruturas sindicais, assim como as estudantis, estão perdendo força. Fazem um barulho para anunciar que estão negociando salários e melhores condições de trabalho e, na mesa de debates, diante dos patrões, apenas dizem amém. Viajam todo o país para participar de reuniões de centrais sindicais, das quais retornam sem nada útil. E tudo isso recendo contribuições descontadas nas folhas de pagamento dos poucos que conseguem um emprego formal.

Os sindicatos são estruturas em extinção. Afinal, um ex-líder da CUT, que já foi a mais barulhenta central sindical, hoje é ministro (e da Previdência, ainda...), numa das jogadas mais inteligentes do atual governo. Conseguiu, assim, calar uma possível fonte de oposição.

Enquanto isso, quem trabalha não pode perder tempo com essas coisas. Porque, de fato, tem que trabalhar para se manter no emprego, pois não tem que o defenda caso perca seu ganha-pão.

terça-feira, julho 03, 2007

E a TV Record RS chegou

A contagem regressiva estava correndo desde a meia-noite do último domingo, o primeiro dia de julho, à espera do meio-dia. Naquele horário, entraria no ar a primeira transmissão da TV Record RS, novo canal de TV gaúcho, em substituição à já saudosa TV 2 Guaíba.


E assim aconteceu. Nos últimos minutos da contagem, a trilha ambiental foi substituída pelo Hino Rio-Grandense, interpretado pela cantora nativista Fátima Gimenez. Ao zerar o cronômetro, a curiosidade gerada desde fevereiro, quando houve o anúncio da compra da Guaíba pela Record, começava a ter fim. Ou melhor, iniciava uma outra, agora para ver como será essa nova emissora.

Bom, nova é modo de dizer, pois a programação nacional já era conhecida pelos muitos anos que a Rede Pampa retransmitiu o canal para o estado. A novidade está na maior abertura à programação local, principalmente para o jornalismo, com três telejornais diários, com modernos equipamentos e um novo estúdio.

Tudo começou com uma mensagem de boas-vindas de um dos âncoras da nova TV, destacando os compromissos da empresa. Em seguida, um especial mostrou algumas das tradições e das belas imagens do Rio Grande do Sul. Depois, o domingo seguiu com a programação normal.

Acredito que a Record RS deva aproveitar o lançamento pelo interesse que ele gera. Nesse primeiro momento, muita gente dá uma chance para ver o novo, para saber como será. Mas, se não gostarem, voltam para o tradicional. Ou seja, não há espaço para ir ajustando e melhorando aos poucos, é preciso partir com tudo.

É a oportunidade, também, de ampliar a concorrência no mercado jornalístico. Esta foi praticamente anulada no final dos anos 70, quando praticamente uma rede sobreviveu (não cabe aqui comentar os porquês, todo mundo sabe do que estamos falando) e conseguiu atingir quase 100% de audiência. Assim, com um trabalho de ótima qualidade, que virou padrão, habituou uma geração inteira a não trocar de canal. Só nos últimos dez anos esse quadro começou a mudar e agora, passado o período de uma geração (25 anos) do monopólio, essa alteração pode continuar.