Confraria do Jornalismo

quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Relembrando Babel...

... que eu não assisti ainda, mas que ainda assim farei uso da máxima do filme, de que uma ação aparentemente isolada pode fazer efeito em um local distante.

O estouro de um transformador no Estádio Olímpico, em Porto Alegre, deixou o campo às escuras. Enquanto todos ali aguardavam a chegada do caminhão de manutenção da companhia de energia elétrica, nada pode ser feito. Com isso, a partida entre Grêmio e Cúcuta (Colômbia), pela Copa Libertadores da América, começou com uma hora de atraso.

Por causa deste fusíveis queimados na capital gaúcha, torcedores do Toluca, do México, tiveram que esperar uma hora a mais no estádio Nemesio Diez para que a partida do seu time contra o Bolívar (Bolívia), pelo mesmo torneio, tivesse início.

Tudo para atender à solicitação da TV que transmite os jogos da competição a toda a América Latina.

Assim, a demora de um funcionário da companhia elétrica na capital gaúcha pode ser o motivo do atraso de um trabalhador mexicano amanhã, por chegar em casa tarde e dormir uma hora a menos. Mas o patrão dele não vai entender...

terça-feira, fevereiro 13, 2007

A Lei de Imprensa, essa quarentona

Passou praticamente despercebido a muitos, mas a Lei de Imprensa (5.250/67) completou 40 anos na última sexta, dia 9. Como toda senhora que chega a essa idade, está passando por uma crise existencial. Diante do espelho, se olha e pensa se precisa de alguma alteração, uma recauchutada ali, outra coisinha aqui.

Sua origem está no período do Regime Militar, por autoria do então presidente Castelo Branco. Uma lei para reger a imprensa que tem como propositor um general de uma ditadura? Contraditório, uma vez que sua ementa a determina como reguladora da liberdade de manifestação do pensamento e de informação.

Nesse período, entretanto, o texto passou por alterações. Durante a Assembléia que determinou a Constituição de 88, foram determinadas normas para comunicação coletiva, os parâmetros para o direito de resposta, as obrigações de quem informa e o direito de receber as informações, extinguindo a censura.

Assim começa seu primeiro artigo, ainda com a redação pré-revisão ortográfica da década de 70:

Art . 1º É livre a manifestação do pensamento e a procura, o recebimento e a difusão de informações ou idéias, por qualquer meio, e sem dependência de censura, respondendo cada um, nos têrmos da lei, pelos abusos que cometer.

Ou seja, você pode falar o que quiser, xingar o presidente, falar mal do vizinho, ninguém te impede. Mas (e sempre tem um mas) você é responsável pelas coisas que diz e pode ter que arcar por elas se alguém não gostar.

O engraçado, e que comprova a necessidade de uma alteração na lei, aparece já no primeiro parágrafo desse mesmo artigo:

§ 1º Não será tolerada a propaganda de guerra, de processos de subversão da ordem política e social ou de preconceitos de raça ou classe.

“Subversão da ordem”. Só faltou escrever ao lado: “Nada de comunistas safados!” Por situações como esta, existem propostas para alteração da lei e tentar modernizá-la. Vale a pena. Afinal, é base para exercer o jornalismo.

Clique aqui para ler a atual redação da Lei de Imprensa.